sábado, 19 de fevereiro de 2011

Uvas e pássaros





Não é nenhum pássaro raro, exótico ou em extinção. Simplesmente dois ninhos de simples pombas, um já com filhotes e outro com a mãe e os ovos. Os curiosos esperam para fazer a visita, ou talvez, aguardam uma vaga na parreira da nossa janela.

Cachorro quente



"O mau trato aos cavalos. Cessará quando os transeuntes se tornarem tão irritáveis-decadentes que, fora de si, furiosos e desesperados, em tais casos, irão ao crime e abaterão a tiros os cocheiros de covardia canina. Não suportar mais a visão de maus tratos a cavalos é a façanha dos neurstênicos e decadentes hoemns do futuro! Até agora, ainda conseguiram ter a miserável força de não se preocupar com tais assuntos alheios". Peter Altenberg (1932), Citado por Theodor Adorno, Progresso.

domingo, 24 de outubro de 2010

Quando as flores se abrem






As mudas e vasos ficam no fundo do quintal até quando suas flores aparecem. No alpendre, vicam então à vista das visitas e dos filhos que quiserem levar algumas delas para enfeitar, temporariamente, suas casas.

domingo, 3 de outubro de 2010

Saracura-do-mato no jardim



Descobrimos uma nova moradora aqui em casa.


Quem quiser ouvir seu canto, pode acessar o endereço: http://www.wikiaves.com.br/midias.php?tm=s&t=s&s=10274

OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo

domingo, 19 de setembro de 2010

Fundo de quintal



É difícil saber quais são as chaves da memória capazes de permitir que os saberes, hábitos e gestos esquecidos se atualizem nos sujeitos. Mas, subitamente e para o deslumbramento de todos os seus próximos, ela retomou uma prática que lhe cabe perfeitamente como arte: o manejo da horta caseira orgânica. Combinada, é claro, com as flores, os sabiás e as abelhas.









"Dos mais antigos usos dos povos parece vir a nós como uma advertência: na aceitação daquilo que recebemos tão ricamente da natureza, guardar-nos do gesto da avidez. Pois não somos capazes de presentear à mãe Natureza nada que nos é próprio. Por isso convém mostrar reverencia no tomar, restituindo, de tudo que desde sempre recebemos, uma parte a ela, antes ainda de nos apoderar do nosso. Essa reverencia se manifesta no antigo uso da libatio. Aliás, é talvez essa mesma antiqüíssima experiência ética que se conserva, transformada, na proibição de juntar as espigas esquecidas e de recolher cachos de uva caídos, uma vez que estes fazem proveito à terra ou aos antepassados dispensadores de bênçãos. Segundo o uso ateniense, o recolher de migalhas durante a refeição era interdito, porque pertenciam aos heróis. – Uma vez degenerada a sociedade, sob desgraça e avidez, a tal ponto que ela só pode ainda receber os dons da natureza pela rapina, que ela arranca os frutos imaturos para poder trazê-los vantajosamente ao mercado e que ela tem de esvaziar toda bandeja somente para ficar saciada, sua terra empobrecerá e o campo trará más colheitas" (WALTER BENJAMIN, Rua de mão única)



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

As rosas falam...

"...Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai"

Querido Cartola,

Lamento discordar de seus versos tristes que ali exaltaram mais o amor perdido da mulher amada que a potencialidade poética das rosas...
As rosas falam, contam-nos histórias, carregam memórias e afetos.
Não precisamos destacar o que elas nos contam, em seus inúmeros significados e usos metafóricos que assumiram ao longo da experiência histórica ocidental, dos gregos aos nossos poetas do século XX.
Vou apenas destacar o que elas dizem a respeito de nossas mães e avós, que viveram em uma geração que era ecológica sem precisar de rótulos ou prêmios para isso.
No meio da couve, e da salsinha, nossas avós cultivavam suas roseiras e guardavam em saquinhos ou latinhas algumas mudas para poderem trocar com as vizinhas e parentes. Nas trocas de mudas, também trocavam conversas, experiências, recordações. Faziam chá de rosa branca para "acalmar os nervos" ou ajudar na digestão. Ofertavam rosas aos santos e às inúmeras "nossas senhoras". Eram mini rosas, rosas de penca, rosas cheirosas, rosas negras, rosas, amarelas.
O cultivo, a poda, a rega, os cuidados com pragas... compunham um rito que envolvia também um forte estilo e uma maneira própria de gestual que parece próprio também de uma forma específica assumida pelo tempo naquela época.
As minhas, são rosas compradas, de enxerto. Mas também me encantam, não talvez pela beleza apenas, mas pelas reminiscências que carregam.









AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível


O POETA E A ROSA(e com direito a passarinho)
Vinícius de Morais
Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!
Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
- Que foi? - balbucia o poeta
E a rosa: - Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!
E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.
- São milhões! - a rosa berra - Milhões a morrer de fome!
E tu, na tua vaidade Querendo usar do meu nome!...
E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as fora, como a dar comida
A todas essas crianças.
O poeta baixa a cabeça.
- É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira
Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Permacultura I

Nas experimentações com o cultivo de horta no jardim, acabamos por conhecer uma rede infinita de pessoas, grupos e entidades que têm trabalhado com Permacultura. De modo geral, o termo une o compromisso com a produção de alimento saudável (orgânico), habitação sustentável e uso de energias renováveis. Aos poucos, vamos trazer alguma coisa que encontrarmos por aí sobre o assunto. Por ora, vai uma das técnicas sustentáveis, retirada do livro “Soluções Sustentáveis – Permacultura Urbana”, de Lucia Legan, publicação da Editora +Calango em parceria com o Ecocentro IPEC. A foto também foi publicada no Jornal O Estado de SP.
Um abraço a todos,


As ensinanças da dúvida

Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.

Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.

Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor

Thiago de Mello

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Planta balão (saco de velho)




















No ano passado, minha mãe trouxe duas mudas pequenas dessa planta aqui para nosso jardim. Quando as pequenas flores se abriram, o show começou: além de pequeninos e delicados "sininhos" encantarem pela beleza, a diversidade de insetos atraídos era enorme. Logo depois, vieram as exóticas bolas de vento, que em algumas semanas se abriram e liberaram milhares de sementinhas cobertas por uma paina branca acetinada que voaram por toda a vizinhança.
Neste ano, as sementinhas foram crescendo por todo o jardim. Resolvemos deixar a maior parte delas crescerem e agora o jardim está todo "embolado".
Alguns dos galhos, tiramos para fazer arranjos de mesa. Outros, deixamos para garnatir a festa da bicharada e depois liberarem novas sementes no ar!
Depois que as bolas se abrem, o pé morre. Mas não antes das outras mudas aparecerem espalhadas por toda parte.
Um abração!

Buchas no jardim

Olha só o varal de roupa da casa da minha mãe. Virou suporte para o pé de bucha. Além da beleza das flores, folhas e da própria bucha, vale a pena plantar pela utilidade.



Aliás, na minha opinião, a 3m ainda não conseguiu inventar nada melhor para tomar banho ou lavar louça do que a própria natureza.

Um abração!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Surpresa - a leocofila em sua melhor forma

Finalmente ela floriu! Achei delicada e fotografei...



Dois dias depois, descobrimos a beleza nela guardada....






e mais dois dias, o tapete no chão!



Agora, ela está recolhendo, começando a se preparar para o ano que vem! Até lá, ela ainda vai nos brindar com poucas flores ao longo de quase o ano todo.

Que a terra me floresça nas ações
como no ouro suculento das vinhas,
que perfume a dor de minhas canções
como um fruto esquecido na campina.

Que me transcenda a carne a semeadura
ávida de brotar por toda a parte,
que minhas artérias levem água pura,
água que canta quando se reparte!

Desnudo quero estar sobre sarmentos,
pisado pelos cascos inimigos,
quero me abrir e repartir sementes
de pão, eu quer ser de terra e trigo!


Pablo Neruda

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Uma outra cana é possível



Acho que essa não dá cachaça. Mas é um tipo de "cana" que fica linda florida. Plantamos em dois lugares no jardim: um com pouca luminosidade (meio dia) e outra em pleno sol. Somente as que tiveram baixa luminosidade e pouca rega é que deram flor. Elas apareceram um pouco antes do inverno.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Infância

Antônio Cândido, em seu belo livro "Os parceiros do Rio Bonito", busca entender a cultura e a sociabilidade do caipira do interior paulista. Ao falar a respeito dos hábitos alimentares, destaca que as frutas de mato geralmente mais apreciadas pelo caipira é a Jabuticaba. Segundo Cândido, "a jabuticaba é por antonomásia a fruta, sempre pronunciada fruita".
Acho que uma das razões seria o fato de ser difícil encontrar espécies de árvores frutíferas tão generosas: seus frutos estão nos troncos e bem pertinho do solo, eles são fáceis de serem consumidos e tem sabor adocicado que agrada aos mais diversos gostos. Fora a delicadeza da sua florada e a exuberância que é quando está carregada! Jabuticaba também é a fruta da infância de inúmeras pessoas.

A foto abaixo é da Sra. Jabuticabeira do sítio em que passei a infância brincando com os irmãos e primos:



Esta aqui é a pequena jabuticabeira do meu atual jardim. Foi a primeira árvore a ser plantada nele. Estou no aguardo de uma boa produção para tentar aprender com minha mãe a fazer o licor de jabuticaba!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Até que nem tanto exótico assim...


A Physalis chegou nas prateleiras dos varejões aqui da minha cidade há pouco tempo, como uma fruta exótica e CARA!! Mas o que poucos sabem é que ela é do nosso continente. É comum no Peru e também na região norte do Brasil. Jogamos umas sementinhas no chão do jardim e olha só: há 4 meses tem dado frutinhos ininterruptamente. Plantamos na meia sombra, em solo fértil, proximo à bananeira e ao limoeiro. Ela tem crescido como um tomateiro, buscando apoio nas suas vizinhas.
E nossa dose de vitamina C diária está garantida!

Trocas de mudas



Essa planta minha mãe ganhou de uma amiga, em trocas de mudas que sempre realizam. O galho foi plantado no ano passado, com uns 40 cm e depois de 1 ano deu sua primeira florada. Não sabemos o nome da espécie. Mas ficou linda junto com as demais plantas.